quinta-feira, 31 de julho de 2008

Allium cepa L.*Cebola*Onion*




Cebola


Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Asparagales
Família: Alliaceae
Género: Allium
Espécie: A. cepa
Nome binomial
Allium cepa
L.

Cebola é o nome popular da planta cujo nome científico é Allium cepa, Lineu. Em sistemas taxonómicos mais antigos, pertencia à família das Liliáceas e subfamília das Alioídeas - taxonomistas mais recentes incluem-na na família das Alliaceae. O termo refere-se, também ao seu bolbo (bulbo, no Brasil) constituído por folhas escamiformes, em camadas. As suas flores estão dispostas em umbela. As plantas jovens, com o bolbo pouco desenvolvido e sem flor, são chamadas também de cebolo.

História da cebola

A cebola teve origem no centro da Ásia, e caminhando para o ocidente, atingiu a Pérsia de onde se irradiou para a África e por todo continente europeu. Daí, foi trazida para as Américas, pelos seus primeiros colonizadores. No Brasil a introdução da cebola se deu principalmente através do Rio Grande do Sul, se espalhando por todo o país.

Porque a cebola faz chorar

Quando as cebolas são cortadas, as suas células são quebradas. As células das cebolas têm duas secções, uma com enzimas chamadas alinases e outra com sulfuretos (sulfóxidos de aminoácidos). As enzimas decompõem os sulfuretos produzindo ácido sulfénico. O ácido sulfénico é instável e decompõe-se num gás volátil chamado sin-propanetial-S-óxido. O gás dissipa-se pelo ar e eventualmente chega aos olhos, onde vai reagir com a água para formar uma solução muito fraca de ácido sulfúrico. O ácido sulfúrico irrita as terminações nervosas do olho, fazendo-os arder. Em resposta a esta irritação, as glândulas lacrimais entram em acção para diluir e lavar a irritação. É provável que tenha por hábito esfregar os olhos, mas não podia fazer pior uma vez que terá sumo de cebola nas mãos.

Não obstante, são estes compostos voláteis que dão o sabor característico à cebola, e o aroma agradável quando cozinhada.

Para reduzir a libertação do gás recomendas-se descascar a cebola debaixo de água corrente, ou mesmo debaixo de água, embora esta medida seja pouco prática ou ecológica. Molhar as mãos e a cebola antes de a cortar vai reduzir o efeito do gás, porquanto algum do gás vai reagir com a água das mãos ou da cebola (e não com a humidade dos seus olhos). O cheiro das mãos poderá ser eliminado com limão ou lavando-as em água corrente por alguns instantes sem esfregar uma na outra. Também ajuda respirar profundamente pela boca, uma vez que grande parte do gás será inalado e menos ficará disponível para reagir com os olhos. Uma faca bem afiada danifica menos células da cebola, libertando-se menos gás — logo menos irritação. Cebolas frias tiradas do frigorífico provocarão menos irritação uma vez que as baixas temperaturas inibem a difusão das enzimas e do gás. Outras pessoas preferem arrefecer a faca por 2 minutos no frigorífico antes de cortar as cebolas para diminuir as lágrimas. Diferentes espécies de cebolas libertarão quantidades diferentes de ácidos, portanto a irritação que provocam também será diferente.

]Valor nutricional

Cada 100 gramas de cebola (Allium cepa) contém:

* Calorias - 33 kcal
* Proteínas - 1,5 g
* Gorduras - 0,3g
* Vitamina A - 125 U.l.
* Vitamina B1 (Tiamina) - 60 mcg
* Vitamina B2 (Riboflavina) - 45 mcg
* Vitamina B5 (Niacina) - 0,15 mg
* Vitamina C (Ácido ascórbico) - 10 mg
* Potássio - 180 mg
* Fósforo - 45 mg
* Cálcio - 35 mg
* Sódio - 16 mg
* Silício - 8 mg
* Magnésio - 4 mg
* Ferro - 0,5 mg

[editar] Propriedades das cebolas

[editar] Flavonóides

Os flavonóides apresentam efeitos potenciais como anti-oxidantes, antiinflamatório, protetor cardíaco, analgésico, anti-alérgico, anti-cancêr, anti-diabético, anti-úlcera, entre outros.

Sob o aspecto do efeito anti-oxidante que pode ser explicado pela doação de um átomo de hidrogênio para os radicais livres, formando novos tipos de radicais livres que não são tão reativos quanto a espécie inicial. Esses radicais desempenham papel importante como, por exemplo, no combate aos microorganismos invasores[1].

[editar] Quercetina

Quercetina é um flavonóide amplamente distribuído no reino vegetal. Trata-se de um composto polifenólico presente naturalmente em vegetais como maçã, cebola, chá e em plantas medicinais como Ginkgo biloba, Hypericum perforatum.

[editar] Atividade antioxidante

Entre as principais ações da quercetina destaca-se o seu poder de remover os radicais livres, exercendo um papel citoprotetor em situações de risco de dano celular.

A quercetina demonstrou inibir in vitro a oxidação da lipoproteína de baixa densidade (LDL) por macrófagos e reduzir a citotoxidade da LDL oxidada.

Junto com a vitamina C, a quercetina demonstrou efeitos sinérgicos na função antioxidativa. O ácido ascórbico age como um redutor da oxidação da quercetina, de maneira que combinados, a vitamina C permite uma sobrevivência maior do flavonóide para cumprir suas funções antioxidativas. Por outro lado, a quercetina protege a vitamina E da oxidação, com a qual também apresenta efeitos sinérgicos.

[editar] Atividade cardiovascular

A mesma propriedade antioxidante descrita anteriormente é suficiente para reduzir o risco de morte por doenças e danos cardíacos. Neste sentido, a quercetina demonstrou diminuir a incidência de infarto do miocárdio e derrames cerebrais em pessoas da terceira idade. As populações que consomem produtos ricos em quercetina estatisticamente apresentam menores riscos de afecções cardiovasculares.

Em ratos pode-se observar que a quercetina melhora a função contrátil do ventrículo esquerdo e reduz a incidência de transtornos da condução cardíaca. O processo limita-se à área danificada de isquemia protegendo a ultra-estrutura das artérias coronárias, melhorando a circulação coronária e prevenindo a formação de trombos intravasculares.

Por outro lado, também demonstrou efeitos vasodilatadores na aorta isolada de ratos, efeitos antitrombóticos (por uma ligação seletiva na parede plaquetária) e diminuiu as lesões de reperfusão do miocárdio.

Devido à inibição da peroxidação lipídica, a quercetina protege o endotélio da destruição local por prostaciclina e o fator de relaxamento derivado do endotélio.

[editar] Atividade antiinflamatória

A ação antiinflamatória que muitos flavonóides possuem relaciona-se em parte com as enzimas implicadas no metabolismo do ácido araquidônico. No mecanismo antioxidante sobre a peroxidação lipídica da quercetina, está envolvida a via do ácido araquidônico o qual implica uma atividade antiinflamatória paralela.

[editar] Atividade antitumoral

Um dos mecanismos de ação da quercetina como agente antiproliferativo de células tumorais é através de sua capacidade antimutagênica e de seu poder antioxidante.

A adição da quercetina em alguns esquemas antitumorais com drogas sintéticas tem demonstrado aumento da atividade antitumoral.

[editar] Atividade imunológica

Diferentes estudos têm constatado o fortalecimento do sistema imunológico, em especial no trato gastrointestinal, a partir da administração de quercetina. Por exemplo, pacientes com disenteria de Flexner evidenciaram melhoras clínico-humorais significativas após receber uma combinação de quercetina e acetato de tocoferol.

Junto com o sódio tem sido demonstrado melhorar quadros de dispepsia além de evidenciar efeitos bacteriostáticos em microorganismos patológicos do trato digestivo. Um aspecto interessante do efeito antiúlcera da quercetina é que ela inibe in vitro o crescimento de Helycobacter pylori de uma forma dose-dependente. Por outro lado, a quercetina tem demonstrado poder estabilizador nos mastócitos impedindo a ação da histamina durante as reações alérgicas e inibindo a formação de leucotrienos.

A quercetina demonstra exercer um efeito sinérgico com cromoglicato de sódio.

Também tem evidenciado um efeito antifúngico em cultivos de Candida albicans, um fungo oportunista que pode surgir em quadro de imunodepressão.

[editar] Atividade antiviral

A quercetina demonstrou ser um potente agente antiviral, podendo interferir com a infectividade e replicação de adenovírus, coronavírus e rotavírus em cultivos celulares.

Neste sentido, uma combinação de quercetina com rutina demonstrou reduzir a hemaglutinação, reduzindo a mortalidade de ratos infectados com o vírus influenza.

Uma cebola grande ingerida crua, durante crises herpéticas diminui a duração da crise do herpes.

[editar] Efeitos na formação de catarata em diabetes

Como é conhecida, a catarata é uma complicação relativamente comum em quadros de diabetes. Entre os mecanismos de ação descobriu-se que a enzima aldolase-reductase tem papel gerador de catarata. Diferentes experiências demonstraram atividade inibitória da quercetina sobre esta enzima, que seria do tipo não-competitiva e uma das mais potentes entre os diferentes agentes inibidores testados.

Dose usual: 400-500 mg via oral, três vezes ao dia[2].

[editar] Cebola e o lúpus eritematoso sistêmico

Existem relatos clínicos significativos, onde vários pacientes descrevem uma surpreendente melhora de dores de cabeça, febre e dores articulares, ao ingerir uma cebola inteira crua, no almoço e jantar, até a melhora dos sintomas.

Isso pode estar ocorrendo de acordo com alguma substância contida na cebola; flavonóides, quercetina, atvidade antioxidante, atividade antiinflamatória, atividade antiviral, diminuição do açúcar no sangue. Porém ainda não se sabe ao certo, qual destes agentes está influenciando neste processo, entretanto os resultados são indiscutíveis e surpreendentes, visto que a cebola é apenas um simples alimento do dia a dia.

Contudo lúpus é uma doença muito séria e deve ser sempre acompanhada por um médico muito experiente, os relatos aqui descritos são apenas informativos e disseminadores de conhecimento.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Cebola



Onion
Scientific classification
Kingdom: Plantae
Division: Magnoliophyta
Class: Liliopsida
Order: Asparagales
Family: Alliaceae
Genus: Allium
Species: A. cepa
Binomial name
Allium cepa
L.

Onion is a term used for many plants in the genus Allium. They are known by the common name "onion" but, used without qualifiers, it usually refers to Allium cepa. Allium cepa is also known as the 'garden onion' or 'bulb' onion and 'shallot'.

Allium cepa is known only in cultivation,[1] but related wild species occur in Central Asia. The most closely-related species include Allium vavilovii Popov & Vved. and Allium asarense R.M. Fritsch & Matin from Iran.[2] However Zohary and Hopf warn that "there are doubts whether the vavilovii collections tested represent genuine wild material or only feral derivatives of the crop.

Uses

Onions, one of the oldest vegetables known to humankind, are found in a bewildering array of recipes and preparations, spanning almost the totality of the world's cultures; they are nowadays available in fresh, frozen, canned, pickled, and dehydrated forms. Onions can be used, usually chopped or sliced, in almost every type of food, including cooked foods and fresh salads, and as a spicy garnish; they are rarely eaten on their own but usually act as accompaniment to the main course. Depending on the variety, an onion can be sharp, spicy, tangy and pungent or mild and sweet.

Onions pickled in vinegar are eaten as a snack. These are often served as a side serving in fish and chip shops throughout the United Kingdom. Onions are a staple food in India, and are therefore fundamental to Indian cooking. They are commonly used as a base for curries, or made into a paste and eaten as a main course or as a side dish.

Tissue from onions is frequently used in science education to demonstrate microscope usage, because they have particularly large cells which are readily observed even at low magnifications.[4]

Historical uses

It is thought that bulbs from the onion family have been used as a food source for millennia. In Caananite Bronze Age settlements, traces of onion remains were found alongside fig and date stones dating back to 5000 BC.[5] Onion is native to South Asia, and is widely used in Indian cuisine.[6] However, it is not clear if these were cultivated onions. Archaeological and literary evidence such as the Book of Numbers 11:5 suggests cultivation probably took place around two thousand years later in ancient Egypt, at the same time that leeks and garlic were cultivated. Workers who built the Egyptian pyramids may have been fed radishes and onions.[5]

The onion is easily propagated, transported and stored. The Ancient Egyptians worshipped it,[7] believing that its spherical shape and concentric rings symbolized eternal life. Onions were even used in Egyptian burials as evidenced by onion traces being found in the eye sockets of Ramesses IV. They believed that if buried with the dead, the strong scent of onions would bring breath back to the dead.

In ancient Greece, athletes ate large quantities of onion because it was believed that it would lighten the balance of blood. Roman gladiators were rubbed down with onion to firm up their muscles. In the Middle Ages onions were such an important food that people would pay for their rent with onions and even give them as gifts.[7] Doctors were known to prescribe onions to facilitate bowel movements and erection, and also to relieve headaches, coughs, snakebite and hair loss. The onion was introduced to North America by Christopher Columbus on his 1492 expedition to Haiti. Onions were also prescribed by doctors in the early 1500s to help with infertility in women, and even dogs and cattle and many other household pets. However, recent evidence has proven that dogs, cats, and other animals should NOT be given onions in any form, due to toxicity during digestion. [8]

Medicinal properties and health benefits
Raw Onions
Nutritional value per 100 g (3.5 oz)
Energy 40 kcal 170 kJ
Carbohydrates 9.34 g
- Sugars 4.24 g
- Dietary fiber 1.7 g
Fat 0.1 g
- saturated 0.042 g
- monounsaturated 0.013 g
- polyunsaturated 0.017 g
Protein 1.1 g
Water 89.11 g
Vitamin A equiv. 0 μg 0%
Thiamin (Vit. B1) 0.046 mg 4%
Riboflavin (Vit. B2) 0.027 mg 2%
Niacin (Vit. B3) 0.116 mg 1%
Vitamin B6 0.12 mg 9%
Folate (Vit. B9) 19 μg 5%
Vitamin B12 0 μg 0%
Vitamin C 7.4 mg 12%
Vitamin E 0.02 mg 0%
Vitamin K 0.4 μg 0%
Calcium 23 mg 2%
Iron 0.21 mg 2%
Magnesium 0.129 mg 0%
Phosphorus 29 mg 4%
Potassium 146 mg 3%
Sodium 4 mg 0%
Zinc 0.17 mg 2%
Percentages are relative to US
recommendations for adults.
Source: USDA Nutrient database

Wide-ranging claims have been made for the effectiveness of onions against conditions ranging from the common cold to heart disease, diabetes, osteoporosis, and other diseases.[9] They contain chemical compounds believed to have anti-inflammatory, anticholesterol, anticancer, and antioxidant properties such as quercetin. However, it has not been demonstrated that increased consumption of onions is directly linked to health benefits.

In many parts of the world, onions are used to heal blisters and boils. A traditional Maltese remedy for sea urchin wounds is to tie half a baked onion to the afflicted area overnight. In the morning, the spikes will be in the onion.[citation needed] In the United States, products that contain onion extract are used in the treatment of topical scars; some studies have found their action to be ineffective, [10][11][12] while others found that they may act as an anti-inflammatory or bacteriostatic [13] and can improve collagen organization in rabbits.[14]

Onions may be especially beneficial for women,[15] who are at increased risk for osteoporosis as they go through menopause, by destroying osteoclasts so that they do not break down bone.

[edit] Onions and eye irritation

As onions are sliced, cells are broken, allowing enzymes called alliinases to break down amino acid sulphoxides and generate sulphenic acids. Sulphenic acids are unstable and spontaneously rearrange into a volatile gas called syn-propanethial-S-oxide. The gas diffuses through the air and eventually reaches the eye, where it reacts with the water to form a diluted solution of sulphuric acid. This acid irritates the nerve endings in the eye, making them sting. Tear glands produce tears to dilute and flush out the irritant.[16]

Supplying ample water to the reaction while peeling onions prevents the gas from reaching the eyes. Eye irritation can, therefore, be avoided by cutting onions under running water or submerged in a basin of water. Rinsing the onion and leaving it wet while chopping may also be effective. Another way to avoid irritation is by not cutting off the root of the onion, or by doing it last, as the root of the onion has a higher concentration of enzymes.[17] Using a sharp blade to chop onions will limit the cell damage and the release of enzymes that drive the irritation response. Chilling or freezing onions prevents the enzymes from activating, limiting the amount of gas generated. Having a fire, such as a candle or a burner, will help as the heat and flames will draw in the onion gas, burn it, and then send it up with the rest of the flame exhaust.[citation needed] In the heat, the chemical changes such that it no longer irritates the eyes.[citation needed] The volume of sulfenic acids released, and the irritation effect, differs among Allium species.

On January 31, 2008, the New Zealand Crop and Food institute led by Colin Eady created 'no tears' onions by using Australian gene-silencing biotechnology.[18]

Propagation


Onions may be grown from seed or, more commonly today, from sets started from seed the previous year. Onion sets are produced by sowing seed very thickly one year, resulting in stunted plants which produce very small bulbs. These bulbs are very easy to set out and grow into mature bulbs the following year, but they have the reputation of producing a less durable bulb than onions grown directly from seed and thinned.

Seed-bearing onions are day-length sensitive; their bulbs begin growing only after the number of daylight hours has surpassed some minimal quantity. Most traditional European onions are what is referred to as "long-day" onions, producing bulbs only after 15+ hours of daylight occur. Southern European and north African varieties are often known as "intermediate day" types, requiring only 12-13 hours of daylight to stimulate bulb formation. Finally, "short-day" onions, which have been developed in more recent times, are planted in mild-winter areas in the fall and form bulbs in the early spring, requiring only 9-10 hours of sunlight to stimulate bulb formation.

Either planting method may be used to produce spring onions or green onions, which are the leaves and/or immature plants. Green onion is a name also used to refer to another species, Allium fistulosum, the Welsh onion, which is said not to produce dry bulbs.

http://en.wikipedia.org/wiki/Onion

O Papel dos Movimentos Feministas na nova imagem da Mulher no Mundo

Feminismos

Estudos e Comunicações

“O Papel dos Movimentos Feministas na nova imagem da Mulher no Mundo”

Nos últimos tempos, temos vindo a assistir a rápidas e enormes transformações na sociedade, na política, na economia, na cultura, na tecnologia. Esse fenómeno imparável designado por globalização tem uma marca neoliberal e neoconservadora com reflexos a todos os níveis da sociedade humana, trazendo maiores e mais profundas contradições e desigualdades, mas originando também o surgimento de movimentações sociais como resposta. Novas áreas, novos direitos, novas reivindicações globais são a adaptação dos povos e das sociedades aos novos desafios que estão colocados neste novo século e novo milénio.
As mudanças e os avanços sociais, as movimentações sociais têm um carácter cada vez mais pluridisciplinar e abrangente e daí que os grandes espaços de debate, reflexão e acção que são os Fóruns Sociais iniciados em 2001 abarquem a diversidade das agendas que possibilitam “a construção de um mundo melhor”.
As reivindicações dos movimentos de defesa dos direitos das mulheres e dos movimentos feministas alicerçadas nas conquistas e nas solidariedades das pequenas lutas locais, nacionais e regionais, transpostas para as plataformas redigidas por ocasião das conferências internacionais das Nações Unidas, nomeadamente a de Pequim em 1995, são hoje em dia parte integrante de qualquer movimento social digno desse nome. Não é aceitável ignorar as questões de género, qualquer que seja o campo de intervenção social, embora saibamos quão difícil continua a ser, na sociedade patriarcal em que vivemos, a assumpção dessa dimensão de género.
Sem querermos omitir a existência de outras redes e movimentos de mulheres no mundo, esta nossa reflexão vai incidir sobretudo sobre a MMM, pelo envolvimento que a UMAR tem tido nesta rede feminista mundial e com a qual nos identificamos plenamente. A Marcha tem sido um movimento inovador, envolvendo mulheres em todo o mundo que, de forma autónoma organizam acções a nível local, regional e global.
A ideia de uma Marcha Mundial das Mulheres surgiu a partir de uma iniciativa que mobilizou um pequeno grupo de mulheres que marcharam durante dez dias através do Québec para reclamar medidas para eliminar a pobreza. No fim da Marcha o pequeno grupo tinha aumentado com outras mulheres e também com os filhos, filhas e maridos de algumas até chegar a cerca de 850 pessoas. Ficou conhecida como “Marcha do Pão e das Rosas”. Estávamos em 1995 e aquela ideia simples e localizada passou a ser encarada pelas suas organizadoras como uma ideia que tinha pernas para andar. Ambição, optimismo, coordenação e acreditar que isso era possível foram os ingredientes que mobilizaram as organizadoras para tecer uma rede de mulheres e de organizações de base à escala planetária, em torno de objectivos concretos e comuns a todas.
Assim se constituiu uma rede de mulheres que foram tecendo novos nós, tendo um auxiliar precioso e global para comunicar – a internet. Tinham e têm valores que são princípios de base: (1) são as mulheres que estão na liderança; (2) todas as regiões do mundo estão envolvidas; (3) os grupos participantes, embora adiram aos objectivos da Marcha são autónomos e realizam as acções que entenderem; (4) a rede respeita a diversidade do movimento das mulheres; (5) é pacifista e (6) constitui-se na base das acções de educação popular.
E foi assim que no início do novo século, 100 mil mulheres, de mais de 6000 grupos se mobilizaram em 159 países, contra a pobreza e a violência, em torno da Marcha Mundial de Mulheres. Tendo como pano de fundo a pobreza e a violência de género, redigiram as suas próprias plataformas reivindicativas, vieram para a rua, questionaram governos e parlamentos, fizeram acções de maior ou menor envergadura e chegaram até aos grandes decisores, àqueles que, em sua opinião, são os responsáveis políticos pelos problemas vividos pela humanidade e pelas mulheres em particular, desde o Parlamento Europeu, ao Banco Mundial e ao Fundo Monetário Internacional. Por fim a ONU, onde foram entregues 5 milhões de assinaturas recolhidas em todo o mundo em apoio às reivindicações de eliminação da pobreza e da violência sobre as mulheres, entregues por uma delegação de mulheres que encabeçava uma manifestação de 10 000 mulheres em Nova Iorque, no dia 17 de Outubro de 2000.

Animadas com o sucesso da Marcha de 2000, a MMM não mais parou. Continuou a organizar-se na base, nas regiões, em colectivos temáticos em torno da violência, da economia solidária, dos direitos das lésbicas, dos direitos sexuais e reprodutivos e da paz. Contaminou os Fóruns Sociais introduzindo as temáticas dos direitos das mulheres nas conferências, nas oficinas, nos diferentes espaços, nas manifestações. Obrigou os outros movimentos sociais a rever os esquemas patriarcais de organização de que estavam imbuídos e a rever também o seu discurso e a sua linguagem. A Marcha Mundial das Mulheres está no comité organizador dos Fóruns Sociais, prepara as Assembleias de Mulheres com as mulheres e as suas associações. A Marcha considera que introduzir a crítica feminista e a crítica ao patriarcado nos Fóruns é essencial na perspectiva de um outro mundo que luta contra todas as formas de exploração e de opressão. Aliás, o conteúdo e as características da Marcha e dos Fóruns são semelhantes: ambos se assumem como movimentos dos movimentos; são estruturas horizontais e participativas e fazem uma crítica política ao sistema capitalista e patriarcal dominante; sublinham as consequências deste sistema na vida dos povos e elaboram análises e propostas alternativas; estão orientados para a acção e são movimentos internacionalistas. Entre 2000 e 2005 a MMM esteve presente, coorganizou Fóruns Sociais Mundiais e Regionais, manifestou-se com os outros movimentos nas Cimeiras do G8, esteve presente nas grandes manifestações contra a guerra, pelo fim dos conflitos armados e contra a militarização do mundo, reclamou contra a Organização Mundial do Comércio, os acordos de comércio livre e contra o pagamento da dívida externa dos países pobres, pelos efeitos devastadores na vida dos povos e das mulheres. Na Europa, esteve presente na Assembleia de Mulheres em Bobigny, no FSE em Paris em 2003 e no FSE em Londres em 2004, fazendo alianças entre os movimentos na luta contra o desmantelamento dos serviços sociais, na luta pela despenalização do aborto e contra o ataque aos direitos sexuais e reprodutivos já alcançados e em risco nalguns países, face à ofensiva neoliberal e conservadora em curso. Em Maio de 2004, em Vigo, a coordenação europeia da Marcha Mundial das Mulheres reuniu cerca de 30000 mulheres provenientes da Galiza, de Portugal, do estado espanhol e de vários países da Europa para uma forte demonstração de energia, vitalidade e determinação das mulheres em lutar pelos seus direitos. 2005 foi o ano das grandes acções mundiais em torno da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade e da Manta da Solidariedade Feminista que percorreram o mundo numa estafeta que partiu de S. Paulo no Brasil a 8 de Março de 2005 e chegou a Ouagadougou, no Burkina Faso em 17 de Outubro do mesmo ano. Passou por 76 países e territórios onde outras tantas coordenações nacionais organizaram as suas iniciativas em torno da Carta e dos seus 5 valores: Liberdade, Igualdade, Solidariedade, Justiça e Paz. Nesta estafeta mundial as mulheres marcharam, organizaram conferências, vigílias, concentrações, fizeram emissões de rádio e de televisão … distribuíram folhetos, colaram cartazes nas paredes, vestiram-se com trajes coloridos, fizeram soar campainhas e apitos para se fazerem ouvir… fizeram teatro de rua, pediram audiências aos governantes e parlamentares, falaram da Carta e do seu conteúdo aos jovens e às jovens das escolas… As mulheres saíram das suas casas, das suas fábricas, dos seus bairros e solidarizaram-se na sua indignação contra o patriarcado, a guerra, a feminização da pobreza, a violação e o incesto, o tráfico sexual, as violências de todo o tipo, manifestando de forma múltipla e criativa a sua disposição de construir um mundo de paz, de justiça, de solidariedade, de igualdade e de liberdade. No final desta estafeta, a Manta da Solidariedade Feminista que foi sendo acrescentada com os retalhos identificadores dos países por onde passou foi depositada na Praça da Paz em Ouagadougou. A Carta foi entregue a cinco depositárias de cinco diferentes regiões do mundo que representam movimentos e forças vivas na construção do mundo baseado nos valores da Carta: às Mulheres de Negro para o valor da Paz; à Via Campesina para o da Solidariedade; às Mães da Plaza de Mayo pela Justiça; à escritora e feminista egípcia Nawal El Saadawi pela Igualdade e a Aung Saan Su Kyi, activista birmanesa contra a ditadura como símbolo da luta pela Liberdade. O simbolismo desta entrega às representantes das Mulheres de Negro e da Via Campesina presentes no local, reflecte o apreço da MMM pelo envolvimento concreto e pela coragem de pessoas individuais e de instituições que têm tido um trabalho real na mudança do mundo. Depois deste intenso período de acções a nível local e mundial, a MMM precisa de fazer um período de análise e reflexão, no sentido de programar as suas acções futuras que lhe permitam consolidar esta enorme rede feminista que se reforçou com as acções da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade. Após uma consulta a todas as coordenações nacionais, está em preparação o 6º Encontro Internacional da Marcha que se realizará no Peru, no próximo mês de Julho.

A vitalidade do FSM de 2006, que foi policêntrico e descentralizado é bem o reflexo deste crescer dos movimentos sociais em que a Marcha se inscreve. Decorreu em Caracas, na Venezuela, entre 24 e 29 de Janeiro e em Bamako, no Mali entre 19 e 23 de Janeiro. Na Ásia, realizar-se-á em Karachi, no Paquistão entre 24 e 28 de Março. A Marcha propôs para os três fóruns uma oficina comum intitulada “As Mulheres em Movimento mudam o mundo”.
No Fórum africano a coordenação do Burkina Faso propôs uma oficina para partilhar a experiência da caravana e para debater a questão da violência sobre as mulheres. Foi também organizada uma oficina sobre a situação das mulheres no Iraque intitulada “Violência sobre as Mulheres em tempo de guerra e de ocupação do Iraque. As duas oficinas tiveram entre 200 a 300 pessoas, provenientes sobretudo dos Camarões, Costa do Marfim, Benim, Níger, Guiné, Senegal, Mali, Burkina Faso, Congo, Quénia, Chade, Marrocos, Mauritânia, Argélia, França, Itália, País Basco, Québec e Brasil. Infelizmente a mulher iraquiana não pôde estar presente no Fórum.
A participação das mulheres do Mali deu-lhes a oportunidade de demonstrarem que a mulher deve ser actriz e não submissa a todos os aspectos que têm a ver com a marcha do mundo. Como disse Traoré Oumou Touré, secretária executiva da CAFO, uma coordenação de associações e organizações não governamentais de mulheres do Mali, « No Mali, nós representamos mais de 52 por cento da população e, contudo, somos marginalizadas e sub representadas. Todavia, todas as atitudes que os homens tomam no plano familiar, social e mesmo político dizem-nos respeito e afectam-nos”.

As actividades relacionadas com as mulheres estavam concentradas num mesmo local, intitulado o Universo Mulheres o qual foi muito concorrido e onde decorreu um Tribunal das Mulheres.

Em Caracas, na Venezuela, a Marcha participou num Tribunal Internacional das Mulheres contra a dominação patriarcal. A coordenação da Colômbia organizou uma oficina sobre “Violência, dívida, pobreza e militarização: uma relação perversa”. Em Caracas, para além da presença de muitas mulheres, realizaram-se debates e uma exposição conjuntamente com a Rede de Mulheres para a Transformação da Economia (REMTE). Também a organização pacifista Code Pink lançou a campanha “As Mulheres dizem não à Guerra” também subscrita pela MMM. Esta campanha apela ao fim da guerra e da violência no Iraque tem por fim recolher 100 000 assinaturas antes do dia 8 de Março, mobilizar as mulheres e encorajá-las globalmente a agir nesse dia e a enviar as assinaturas aos chefes políticos de Washington e às embaixadas americanas em todo o mundo. 

A UMAR que tem estado presente nesta rede feminista mundial desde a sua formação em 1998, tem acompanhado todas as actividades da MMM, quer a nível nacional, quer europeu, quer mundial. Estivemos presentes em praticamente todos os Encontros Internacionais, nomeadamente no último, em Kigali, no Ruanda, onde foi aprovado o texto final da Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade; nas reuniões da coordenação europeia e como parte integrante e dinamizadora da coordenação portuguesa, assim como nos dois últimos Fóruns Sociais Europeus. Em 2005, dos Açores, passando por Lisboa, Coimbra e Porto, a coordenação da Marcha deu visibilidade às causas das mulheres; entregámos aos deputados e deputadas da Assembleia da República um manifesto em que reclamávamos que “Mudar o Mundo é Urgente!”. Sabemos que temos problemas específicos que continuam por resolver como seja o facto de o aborto continuar a penalizar as mulheres, levando-as a tribunal; também que outros problemas são iguais aos de outras mulheres doutros países da Europa e do globo, como são os da violência de género ou os da fraca representação das mulheres nos órgãos de decisão, da discriminação em função da orientação sexual, da crescente feminização da pobreza ou do ataque aos serviços públicos. Estamos conscientes de que forças conservadoras se movem no sentido de impor regressões nas leis da família, nos direitos duramente conquistados, remetendo as mulheres para uma invisibilidade ou para uma subalternidade que são marca de um passado e de um atraso inadmissível. Como já antes referimos, também as forças do progresso e do avanço da humanidade não estão paradas e mobilizam-se contra a guerra, contra a barbárie. Queremos fazer parte dessa força transformadora, sabendo que a resolução de muitos dos problemas é global e constrói-se nas alianças com outras forças e movimentos. A UMAR tem orgulho de pertencer a estes movimentos que agem e reflectem sobre o mundo; orgulhamo-nos de ter nos nossos estatutos o sermos feministas, pois sabemos que nenhuma mudança é possível ou eficaz se não tiver em conta que o mundo é feito de mulheres e homens e há que respeitá-los de igual forma.Estaremos na Marcha, estaremos com os movimentos sociais, estaremos solidárias com todas e todos, pessoas, associações ou instituições que encarem as mulheres como sujeitos activos, participativos na construção da sociedade de futuro. Uma sociedade sem exploração, sem discriminações, uma sociedade onde os valores da Liberdade, Igualdade, Solidariedade, Justiça e Paz estejam presentes, vividos e construídos com a participação de todas e todos.

Angra do Heroísmo, 8 de Março de 06

II Congresso Regional da UMAR – Açores
Problemáticas e Desafios à Construção de uma nova Imagem da Mulher
7e 8 de Março de 2006



http://www.umarfeminismos.org/feminismos/docs/papelmovfeministas.html

Um outro Mundo é possível!Un autre Monde est possible!An other world is possible.

Apelo de Bamako

Apelo de Bamako (resumo)
 
A experiência de mais de cinco anos de convergências mundiais das resistências ao neoliberalismo permitiu criar uma nova consciência colectiva. Os Fóruns sociais mundiais, temáticos, continentais e nacionais, e a Assembleia dos Movimentos Sociais foram os seus principais artesãos. Reunidos em Bamako a 18 de Janeiro de 2006, véspera da abertura do Fórum Social Mundial policêntrico, os participantes nesta jornada consagrada ao 50º aniversário de Bandung exprimiram sua preocupação de definir outros objectivos do desenvolvimento, de criar um equilíbrio das sociedades abolindo a exploração de classe, de género, de raça e de casta e de traçar a via para uma nova relação de forças entre o Sul e o Norte.
 
O apelo de Bamako pretende ser uma contribuição para a emergência de um novo sujeito popular histórico e para a consolidação do adquirido nestes encontros: o princípio do direito à vida para todos, as grandes orientações de um viver conjunto na paz, a justiça e a diversidade, as maneiras de realizar estes objectivos no plano local e à escala da humanidade.
 
Para que nasça um sujeito histórico — popular, plural e multipolar — é preciso definir e promover alternativas capazes de mobilizar forças sociais e políticas. A transformação radical do sistema capitalista é o objectivo. Sua destruição do planeta e de milhões de seres humanos, a cultura individualista de consumo que o acompanha e o alimenta e sua imposição por forças imperialistas não são mais aceitáveis, pois compromete a própria vida da humanidade. Tais alternativas devem apoiar-se sobre a longa tradição das resistências populares e levar em conta também os pequenos passos indispensáveis à vida quotidiana das vítimas.
 
O Apelo de Bamako, construído em torno dos grandes temas discutidos em comissões, afirma a vontade de:
(i) construir o internacionalismo dos povos do Sul e do Norte face às devastações engendradas pela ditadura dos mercados financeiros e pela implantação globalizada e descontrolada das transnacionais.;
(ii) construir a solidariedade dos povos da Ásia, África, Europa e Américas face aos desafios do desenvolvimento do século XXI;
(iii) construir um consenso político, económico e cultural alternativo à globalização neoliberal e militarizada e ao hegemonismo dos Estados Unidos e seus aliados.
 
2. OS PRINCÍPIOS
 
1- Construir um mundo fundado na solidariedade dos seres humanos e do povos.
Nossa época é dominada pela imposição da concorrência entre os trabalhadores, as nações e os povos. Entretanto, o princípio da solidariedade preencheu na história funções mais construtivas para a organização eficaz das produções materiais e intelectuais. Queremos dar a este princípio o lugar que lhe cabe e relativisar aquele da concorrência.
 
2- Construir um mundo fundado na afirmação plena e inteira dos cidadãos e na igualdade dos sexos.
O cidadão deve tornar-se o responsável em último recurso pela gestão de todos os aspectos da vida social, política, económica, cultural. É a condição de uma democratização autêntica. Por abuso, o ser humano está reduzido aos estatutos justapostos de portador de uma força de trabalho, de espectador impotente face às decisões dos poderes, de consumidor encorajado aos piores desperdícios. A afirmação, de direito e de facto, da igualdade absoluta dos sexos é uma parte integrante da democracia autêntica. Uma das condições desta última é a erradicação de todas as formas confessas ou enganosas do patriarcado.
 
3- Construir uma civilização universal proporcionando à diversidade em todos os domínios seu potencial pleno de desenvolvimento criador
Para o neoliberalismo, a afirmação do indivíduo — não do cidadão — permitiria o florescimento das melhores qualidades humanas. O isolamento insuportável que a competição impõe a este indivíduo no sistema capitalista produz seu antídoto ilusório: o encerramento em guetos de pretensas identidades comunitárias, muitas vezes de tipo para-étnico e/ou para-religioso. Queremos construir uma civilização universal que encare o futuro sem nostalgia passadista. Nesta construção, a diversidade política das nações e dos povos torna-se o meio de dar aos indivíduos capacidades reforçadas para o desenvolvimento criador.
 
4- Construir a socialização pela democracia
As políticas neoliberais querem impor um modo único de socialização através do mercado, apesar de os efeitos destruidores para a maioria dos seres humanos não precisar mais de ser demonstrado. O mundo que queremos concebe a socialização como o produto principal de uma democratização sem delimitações. Neste quadro, em que o mercado tem o seu lugar, mas não todo o lugar, a economia e as finanças devem ser postas ao serviço de um projecto de sociedade e não serem submetidas unilateralmente às exigências de um desdobramento descontrolado das iniciativas do capital dominante que favorecem os interesses particulares de uma ínfima minoria. A democracia radical que queremos promover restitui todos os seus direitos ao imaginário inventivo da inovação política. Ela fundamenta a vida social na diversidade incansavelmente produzida e reproduzida, e não sobre o consenso manipulado que apaga os debates de fundo e encerra os dissidentes em guetos.
 
5- Construir um mundo fundado no reconhecimento do estatuto não mercantil da natureza e dos recursos do Planeta, das terras agrícolas
O modelo capitalista neoliberal assinala o objectivo de submeter todos os aspectos da vida social, quase sem excepção, ao estatuto de mercadoria. A privatização e a mercantilização ao extremo implicam efeitos devastadores sem precedentes: a destruição da biodiversidade, a ameaça ecológica, o desperdício dos recursos renováveis ou não (petróleo e água em particular), a liquidação das sociedades camponesas ameaçadas de expulsões maciças das suas terra. Todos estes domínio devem ser gerados como outros tantos bens comuns da humanidade. Nestes domínios, a decisão não decorre do mercado para o essencial, mas dos poderes políticos das nações e dos povos.
 
6- Construir um mundo fundado no reconhecimento do estatuto não mercantil dos produtos culturais e dos conhecimentos científicos, da educação e da saúde
As políticas neoliberais conduzem à mercantilização dos produtos culturais e à privatização dos grandes serviços sociais, nomeadamente da educação e da saúde. Esta opção implica a produção em massa de produtos para-culturais, de baixa qualidade, a submissão da investigação às prioridades exclusivas da rentabilidade a curto prazo, a degradação — mesmo à exclusão — da educação e da saúde para as classes populares. A renovação e a ampliação dos serviços públicos devem ser guiadas pelo objectivo de reforçar a satisfação das necessidades e os direitos essenciais à educação, saúde e alimentação.
 
7- Promover políticas que associem estreitamente a democratização sem limite definido à partida, o progresso social e a afirmação da autonomia das nações e dos povos.
As políticas neoliberais negam as exigências específicas do progresso social — que se pretende produzido espontaneamente pela expansão dos mercados — como a autonomia das nações e dos povos, necessária à correcção das desigualdades. Nestas condições, a democracia é esvaziada de todo conteúdo efectivo, vulnerabilizada e fragilizada ao extremo. Afirmar o objectivo de uma democracia autêntica exige dar ao progresso social seu lugar determinante na gestão de todos os aspectos da vida social, política, económica e cultural. A diversidade das nações e dos povos, produto da história, tanto nos seus aspectos positivos como nas desigualdades que a acompanham, exige a afirmação da sua autonomia. Não existe receita única nos domínios político ou económico que permitiria contornar esta autonomia. O objectivo da igualdade a construir passa pela diversidade dos meios a por em acção.
 
8- Afirmar a solidariedade dos povos no Norte e do Sul na construção de um internacionalismo numa base anti-imperialista
A solidariedade de todos os povos — dos Norte e do Sul — na construção da civilização universal não pode ser fundada nem sobre a assistência nem sobre a afirmação de que estando todos embarcados no planeta seria possível menosprezar os conflitos de interesses opondo as diferentes classes e nações que constituem o mundo real. Esta solidariedade passa pela ultrapassagem das lei e dos valores do capitalismo e do imperialismo que lhe é inerente. As organizações regionais da globalização alternativa devem inserir-se na perspectiva do reforço da autonomia e da solidariedade das nações e dos povos nos cinco continentes. Esta perspectiva contrasta com aquela dos actuais modelos dominantes de regionalização, concebidos como outros tantos blocos constitutivos da globalização neoliberal. Cinquenta anos após Bandung, o Apelo de Bamako exprime também a exigência de uma Bandung dos povos do Sul, vítimas do desdobramento da globalização capitalista realmente existente, da reconstrução de uma frente do Sul capaz de por em cheque o imperialismo das potências económicas dominantes e o hegemonismo militar dos Estados Unidos. Esta frente anti-imperialista não opõe os povos do Sul àqueles do Norte. Ao contrário, constitui a base da construção de um internacionalismo global associando-os todos na construção de uma civilização comum na sua diversidade.
 
3. OBJECTIVOS A LONGO PRAZO E PROPOSTAS PARA A ACÇÃO IMEDIATA
 
Para passar da consciência colectiva à construção de actores colectivos, populares, plurais e multipolares, sempre foi necessário identificar temas precisos para formulares estratégias e propostas concretas. Estes temas do Apelo de Bamako cobrem os 10 domínios seguintes, em função de objectivos a longo prazo e de propostas de acção imediata.
 
a organização política da globalização;
 
a organização económica do sistema mundial;
 
o futuro das sociedades camponesas;
 
a construção de uma frente unida dos trabalhadores;
 
as regionalizações ao serviços dos povos;
 
a gestão democrática das sociedades;
 
a igualdade dos sexos;
 
a gestão dos recursos do planeta;
 
a gestão democrática dos media e da diversidade cultural;
 
a democratização dos organismos internacionais.

O apelo de Bamako é um convite a todas as organizações de luta representativas das vastas maiorias que constituem as classes trabalhadoras e os excluídos do sistema capitalista neoliberal, assim como a todas as pessoas políticas que aderem a estes princípios, a trabalhar em conjunto para chegar a por em prática efectiva estes objectivos.
 
http://www.elenara.com.br/versao2.0/consulta_posts.php?id=1008

terça-feira, 29 de julho de 2008

O Nascimento de Palas-Atena




Water Effect



Water Effect






Atena
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Atena (em grego, Αθηνά, transl. Athiná, em grego moderno, ou Athēná, em grego antigo) é a deusa grega da sabedoria, do ofício, da inteligência e da guerra justa. Há também quem grafe o seu nome como Palas Atená. Freqüentemente é associada a um escudo de guerra, à coruja da sabedoria ou à oliveira.


Zeus apaixonou-se por Métis, tendo sido ela sua primeira esposa. Contudo, foi advertido por sua avó Gaia de que Métis lhe daria um filho e que este o destronaria, assim como ele destronou Cronos e, este, Urano. Amedrontado, Zeus resolveu engolir Métis. Para tanto, utilizou-se de um fabuloso ardil. Convenceu sua esposa a participar de uma brincadeira divina, na qual cada um deveria se transformar em um animal diferente. Métis, desta vez, não foi prudente, e se transformou numa mosca. Zeus aproveitou a oportunidade e a engoliu. Todavia, Métis já estava grávida de Atena, e continuou a gestação na cabeça de Zeus, aproveitando o tempo ocioso para tecer as roupas da sua vindoura filha.

Um dia, durante uma guerra, Zeus sentiu uma forte dor de cabeça, e Hefesto, o feio deus ferreiro e do fogo, lhe deu uma machadada na cabeça, de onde Atena saiu já adulta com elmo, armadura e escudo - este coberte com a pele de Amaltéia. Atena se tornou a deusa mais poderosa, ensinou aos homens praticamente todas atividades, como caça, pesca, uso de arco-e-flecha, costurar (algo que ela fazia como ninguém),dançar, e, como havia saído da mente de Zeus, sua marca é a inteligência.

Atena deveria ter se tornado a nova rainha do Olímpo, mas como era mulher, Zeus permaneceu no poder. Há lendas que dizem que Zeus evitava o nascimento normal de um filho com as habilidades de Atena, para não ser destronado.

Atena também é muitas vezes vista segurando em uma das mãos uma pequena imagem de Niké, a deusa da vitória.

Quando Atena e Posídon disputavam o padroado de uma cidade importante, estabeleceram um concurso: quem desse o melhor presente ao povo da cidade venceria. Posídon criou um rio salgado e, portanto, inútil. Em outra versão, o presente do deus teria sido o cavalo. Atena deu uma oliveira que produzia alimentos, óleo e madeira. Atena sagrou-se vencedora e a cidade recebeu o nome de Atenas. Atena desempenhou um papel importante no poema épico de Homero, a Ilíada e a Odisséia. Teve participação no julgamento de Páris, sendo uma das deusas rejeitadas, apoiou os gregos na Guerra de Tróia e atuou como padroeira de Odisseu durante toda a sua longa jornada.



Atena (ao que tudo indica), permaneceu virgem durante toda sua história, pois pediu aos Deuses Olímpicos para não se apaixonar, porque se ela tivesse filhos, teria de abandonar as guerras pela justiça e viver uma vida doméstica.

Há quem diz que Atena se envolveu com os heróis que acompanhava, e até mesmo com Ares, seu grande rival (o qual ela sempre derrotava). Sendo tais boatos falsos ou verdadeiros, sabe-se que ela jamais teve romances com mulheres e jamais teve filhos com deuses, e seus romances com homens guerreiros são um mistério.

Outro julgamento importante em que teve participação especial foi no Areópago, quando julgou Orestes juntamente com o povo de Atenas e o absolveu dando o voto de desempate – o voto de Minerva, do seu nome romano.

O Nascimento de Afrodite

Rating:★★★★★
Category:Other

Water Effect




Afrodite (em grego, Αφροδίτη) era a deusa grega da beleza e do amor. Originário de Chipre, o seu culto estendeu-se a Esparta, Corinto e Atenas. Foi identificada como Vênus pelos romanos.
Teogonia

De acordo com o mito teogônico mais aceito, nasceu quando Urano (pai dos titãs) foi castrado por seu filho Cronos, que atirou os bagos cortados de Urano ao mar, que começou a ferver e a espumar, esse efeito foi a fecundação que ocorreu em Tálassa, deusa primordial do mar. De aphros ("espuma do mar"), ergueu-se Afrodite e o mar a carregou para Chipre. Por isso um dos seus epítetos é Kypris. Assim, Afrodite é de uma geração mais antiga que a maioria dos outros deuses olímpicos. Em outra versão (como diz Homero), Dione é mãe de Afrodite com Zeus, sendo Dione, filha de Urano e Tálassa.

Casamento

Após destronar Cronos, Zeus ficou ressentido pois tão grande era o poder sedutor de Afrodite que ele e os demais deuses estavam brigando o tempo todo pelos encantos dela, enquanto esta os desprezava a todos, como se nada fosse. Como vingança e punição, Zeus fê-la casar-se com Hefesto, (segundo Homero, Afrodite e Hefesto se amavam, mas pela falta de atenção, Afrodite começou a trair o marido para melhor valorizá-la) que usou toda sua perícia para cobri-la com as melhores jóias do mundo, inclusive um cinto mágico do mais fino ouro, entrelaçado com filigranas mágicas. Isso não foi muito sábio de sua parte, uma vez que quando Afrodite usava esse cinto mágico, ninguém conseguia resistir a seus encantos.

Relacionamentos e filhos

Alguns de seus filhos são Hermafrodito (com Hermes), Eros (deus do amor e da paixão) dependendo da versão, é filho de Hefesto, Ares ou até Zeus (com Zeus, apenas quando Afrodite é filha de Tálassa), Anteros (com Ares, a versão mais aceita ou com Adônis, versão menos conhecida), Fobos, Deimos e Harmonia (com Ares), Himeneu, (com Apolo), Príapo (com Dionísio) e Enéias (com Anquises). Os diversos filhos de Afrodite mostram seu domínio sobre as mais diversas faces do amor e da paixão humana. Afrodite sempre amou a alegria e o glamour, e nunca se satisfez em ser a esposa caseira do trabalhador Hefesto. Afrodite amou e foi amada por muitos deuses e mortais. Dentre seus amantes mortais, os mais famosos foram Anquises e Adônis, que também era apaixonado por Perséfone, que aliás, era sua rival, tanto pela disputa pelo amor de Adônis, tanto no que se diz respeito de beleza. Vale destacar que a deusa do amor não admitia que nenhuma outra mulher tivesse uma beleza comparável com a sua, punindo (somente) mortais que se atrevessem comparar a beleza com a sua, ou, em certos casos, quem possuisse tal beleza. Exemplos disso é Psiquê e Andrômeda.

Culto

Suas festas eram chamadas de afrodisíacas e eram celebradas por toda a Grécia, especialmente em Atenas e Corinto. Suas sacerdotisas eram prostitutas sagradas, que representavam a Deusa, e o sexo com elas era considerado um meio de adoração e contato com a Deusa. Seus símbolos incluem a murta, o golfinho, o pombo, o cisne, a romã e a limeira. Entre seus protegidos contam-se os marinheiros e artesãos.

Com o passar do tempo, e com a substituição da religiosidade matrifocal pela patriarcal, Afrodite passou a ser vista como uma Deusa frívola e promíscua, como resultado de sua sexualidade liberal. Parte dessa condenação a seu comportamento veio do medo humano frente à natureza incontrolável dos aspectos regidos pela Deusa do Amor.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Afrodite

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Navio Vera Cruz




NAVIO VERA CRUZ





Tipo ... Navio de passageiros de 2 hélices
Construtor ... Société Anonyme John Cockerill
Local construção ... Hoboken - Bélgica
Ano de construção ... 1951
Ano de abate ... 1973
Registo ... Capitania do porto de Lisboa, em 18 de Março de 1952, com o número H 409
Sinal de código ... C S A J
Comprimento fora a fora ... 185,80 m
Boca máxima ... 23,09 m
Calado à proa ... 8,44 m
Calado à popa ... 8,44 m
Arqueação bruta ... 21.765,27 Toneladas
Arqueação Líquida ... 12.603,48 Toneladas
Capacidade ... 5.495 m3
Porte bruto ... 7.832 Toneladas
Aparelho propulsor ... Dois grupos de turbinas, construídos em 1952 pela Société Anonyme John Cockeryll, em Seraing, Bélgica. Seis caldeiras, para 32 K/cm2 de pressão.
Potência ... 25.500 cavalos
Velocidade máxima ... 22 nós
Velocidade normal ... 20 nós
Passageiros ... Alojamentos para 8 em classe de luxo, 190 em primeira classe, 200 em segunda classe, e 844 em terceira, no total de 1242 passageiros.
Tripulantes ... 300
Armador ... Companhia Colonial de Navegação - Lisboa

Photo and Copyright Luis Miguel Correia
http://navios.no.sapo.pt/verac.html

http://cabodofimdomundo.blogspot.com/2007/04/vera-cruz.html#comments

Navio onde vim para o Brasil em 1961..

terça-feira, 22 de julho de 2008

Transtorno do Pânico

Transtorno do Pânico



Dr. Jorge Wilson Magalhães de Souza

Doença do Pânico

Origem da palavra "Pânico"

É proveniente do grego "panikon" que tem como significado susto ou
pavor repetitivo. Na mitologia grega o Deus Pã, que possuía chifres e
pés de bode, provocava com seu aparecimento, horror nos pastores e
camponeses. Desta forma a palavra tem em nossa língua o significado de
medo ou pavor violento e repetitivo. Em Atenas, teria sido erguido na
Acrópole um templo ao Deus Pã, ao lado da Ágora, praça do mercado onde
se reunia a assembléia popular para discutir os problemas da cidade,
sendo daí derivado o termo agorafobia, usado em psiquiatria e que
possui como significado o medo de lugares abertos.

Sinonímia

Desordem, Doença, Síndrome, Distúrbio do Pânico.

Introdução

O Transtorno do Pânico ( TP ) é uma entidade clínica recente e era
antigamente chamada de neurastenia cardiocirculatória ou doença do
coração do soldado ("coração irritável" denominação dada por Da Costa
em 1860 durante a guerra civil americana), embora a primeira descrição
sintomatológica tenha sido feita por Freud, que a classificou como
neurose ansiosa. Até 1980, o quadro foi agrupado sob o título de
"neurose de ansiedade" e atualmente este mesmo grupo foi subdividido
em Doença do Pânico e Transtorno de Ansiedade Aguda ou Generalizada.

As diferenças clínicas, razão pela qual derivou a subdivisão do grupo
em Reações de Ansiedade Aguda e TP, residem no fato de que os fatores
geradores da primeira são motivados por agentes externos que ameaçam
de forma clara e consistente a vida do indivíduo tais como
catástrofes, panes em aviões, trens, veículos, incêndios em teatros e
cinemas entre outros.

No distúrbio que deflagra a "crise de pânico" o agente externo
freqüentemente encontra-se ausente e a ameaça está dentro do próprio
paciente (endógena). Ambas as desordens vem acompanhadas de grande
estímulo do sistema nervoso autônomo caracterizados por boca seca,
aceleração dos batimentos cardíacos, palpitações, palidez, sudorese e
falta de ar. Este conjunto de manifestações qualifica o que se
denomina "reação de alarme" adaptando o organismo às situações de
fuga, luta ou perigo iminente. Esses achados constituem os elementos
básicos para que se cogitena possibilidade de estarmos diante de um
paciente portador de TP.

O TP é causa freqüente de procura a psiquiatras e psicoterapeutas
sendo considerada uma doença da "modernidade" ligada ao stress
cotidiano. É uma patologia real (alguns a rotulam como frescura) e
incapacitante devido a seus sintomas extremamente desagradáveis. Só
quem padece de TP é que sabe valorizar a intensidade de sua
sintomatologia.

O Grande Problema

Este fato é devido em grande parte ao desconhecimento do TP por
médicos não especialistas (não psiquiatras) o que determina a demora
no diagnóstico do caso com o conseqüente e indesejável desenvolvimento
das complicações.

A grande maioria dos pacientes, devido a predominância dos sintomas
ligados ao aparelho cardiovascular, são atendidos em pronto-socorros
cardiológicos por clínicos e/ou cardiologistas e medicados com
fármacos que não são capazes de bloquear as "crises ou ataques de
pânico". A medida as crises se sucedem, sem que os pacientes observem
melhora, os leva a insegurança e ao desespero. São realizados inúmeros
exames sem se chegar a uma conclusão diagnóstica sendo os sintomas
atribuídos a situações genéricas como estafa, nervosismo, fraqueza ou
com frases do tipo: "o Sr.(a) não tem nada".

Etiologia (causa)

São consideradas possíveis 3 hipóteses básicas:

hiperatividade ou disfunção de sistemas ligados aos neurotransmissores
(substâncias responsáveis pela transmissão do estímulo nervoso entre
as células) cerebrais relacionados com vários elementos dos sistemas
de alerta, reação e defesa do Sistema Nervoso Central (SNC).
alteração ainda não bem determinada na sensibilidade do SNC a mudanças
bruscas de pH e concentrações de CO2 intracerebral e/ou
hipersensibilidade de receptores pós-sinápticos (zona distal de
contato entre duas células nervosas) de 5 hidroxitriptamina envolvidos
no sistema cerebral aversivo.
fatores genéticos

Epidemiologia

Pesquisas realizadas nos EUA demonstram que para cada 1000 indivíduos
cerca de 1 a 3 são afetados pelo TP.

No Brasil, infelizmente, as estatísticas são inconclusivas.

Ocorre sobretudo em adultos jovens na faixa etária entre 20 e 45 anos
de ambos os sexos, com predileção pelo feminino na proporção de 3:1.
Nesta faixa etária os pacientes estão na plenitude de seu potencial de
trabalho e ao apresentarem a doença são geradas conseqüências
desastrosas voltadas tanto para o desenvolvimento profissional quanto
social.

Critérios Diagnósticos do TP

O diagnóstico baseia-se nos seguintes critérios segundo o Manual de
Diagnóstico e Estatística de Doenças Mentais ( DSM-IV ) da Associação
Psiquiátrica Americana:

Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Critérios para o Ataque de Pânico:

Um curto período de intenso medo ou desconforto em que 4 ou mais dos
seguintes sintomas aparecem abruptamente e alcançam o pico em cerca de
10 minutos.

sudorese
palpitações e taquicardia (aceleração dos batimentos cardíacos)
tremores ou abalos
sensação de falta de ar ou de sufocamento
sensação de asfixia
náusea ou desconforto abdominal
sensação de instabilidade, vertigem, tontura ou desmaio
sensação de irrealidade (desrealização) ou despersonalização
(estardistante de si mesmo)
medo de morrer
medo de perder o controle da situação ou enlouquecer
parestesias (sensação de anestesia ou formigamento)
calafrios ou ondas de calor

Pelo menos um dos ataques ter sido seguido por 1 mês ou mais de uma ou
mais das seguintes condições:

medo persistente de ter novo ataque
preocupação acerca das implicações do ataque ou suas conseqüências
(isto é, perda de controle, ter um ataque cardíaco, ficar maluco)
uma significativa alteração do comportamento relacionada aos ataques

O Ataque de Pânico não ser devido a efeitos fisiológicos diretos de
substâncias (drogas ou medicamentos) como: álcool, ioimbina, cocaína,
crack, cafeína, ecstasy ou de outra condição médica geral
(hipertireoidismo, feocromocitoma, etc...)

Os ataques não devem ser conseqüência de outra doença mental, como
Fobia Social (exposição a situações sociais que geram medo), Fobia
Específica (medo de avião, de elevador, etc...), Transtorno
Obsessivo-Compulsivo, Pós-traumático ou de Separação.

O Ataque e o TP

Devemos observar que existem critérios diagnósticos para considerar um
paciente como portador de TP e eles devem ser bem estabelecidos. Um
episódio de ataque de pânico isolado não preenche as condições
necessárias para o diagnóstico de TP. Os sintomas que caracterizam o
ataque devem ser recorrentes e não precipitados por uma situação ou
acontecimento externo.

Diagnóstico Diferencial

Se os critérios diagnósticos são preenchidos há grande possibilidade
de estarmos diante de um caso de TP, mas como muitos sinais e sintomas
coincidem com os de outras doenças orgânicas e psiquiátricas, faz-se
mister estabelecer-se o diagnóstico diferencial entre elas:

1. Doenças Orgânicas

hipertireoidismo e hipotireoidismo
hiperpatireoidismo
prolapso da válvula mitral
arritmias cardíacas
insuficiência coronária
crises epilépticas ( principalmente as do lobo temporal )
feocromocitoma
hipoglicemia
labirintite, lesões neurológicas
abstinência de álcool e/ou outras drogas

Para que sejam avaliadas estas doenças é extremamente importante uma
boa anamnese e avaliação clínica, como também tornam-se necessários
exames laboratoriais (dosagem da glicemia, de hormônios, de
ácidovanil-mandélico, etc...), gráficos (eletrocardiograma, teste
ergométrico, Holter, eletroencefalograma basal com foto estimulação,
hiperpnéia, privação de sono e sono induzido, etc...) e de imagem
(tomografia computadorizada, ressonância nuclear magnética,
ecocardiograma, etc...).

O SPECT (Single Photon Emission Computed Tomography), exame atualmente
realizado em pesquisas (cintilografia com medida do fluxo sangüíneo
regional cerebral, marcado com contraste radioativo) tem revelado
assimetria (direita > esquerda) no giro parahipocampal dos lobos
temporais e na região órbito-frontal dos córtices pré-frontais dos
pacientes portadores de TP.

Outro fato que merece destaque é que cerca de 36 a 40% dos pacientes
portadores de TP apresentam prolapso valvular mitral associado,
revelado na ecocardiografia.

2. Distúrbios Psiquiátricos

de ansiedade generalizada
de depressão
de despersonalização
somatiforme
esquizofrenia
de caráter

Complicações e Interferências sócio-econômicas e familiares

As complicações decorrentes dos repetidos ataques de pânico induzem a
gastos excessivos por parte dos pacientes com médicos e exames
complementares, muitas vezes dispensáveis. Afastamento do trabalho,
faltas, impossibilidade de aceitar promoções (por medo de assumir
maiores responsabilidades) e até pedidos de demissão, são situações
corriqueiras na vida destes pacientes, sobretudo se o TP não é
diagnosticada precocemente e vem acompanhada de agorafobia (medo de
freqüentar lugares públicos e abertos). Somando-se a estes fatos há
uma deterioração econômica progressiva.

Socialmente, as sucessivas recusas a convites recebidos geram
afastamento e perda dos contatos sociais.

No que tange ao relacionamento familiar, o paciente recebe
inicialmente os cuidados dos parentes mais intimamente envolvidos.
Após várias "peregrinações" a consultórios médicos, onde os exames
insistentemente não demonstram patologia palpável, os familiares
adotam atitude de estímulo para que o paciente saia da crise. Porém,
com o tempo, esse mesmo paciente passa a ser alvo de críticas
desferidas não só pela família como também de amigos que,
lamentavelmente, só contribuem para o agravamento da situação.

O desenvolvimento da agorafobia ocorre porque os pacientes passam a
terme do de sofrer novo ataque de pânico onde um anterior já tenha
acontecido (teatro ou cinema por exemplo).

Deve também ser lembrada a "ansiedade antecipatória" (vou ter a crise
novamente?) apresentada pelos pacientes no desempenho de tarefas
complexa sou mesmo simples como pegar seu carro e dirigir até o
trabalho.

Se o diagnóstico e o tratamento eficaz não são estabelecidos
precocemente maior será seu isolamento, assim como a tendência a não
sair de casa. A perda de peso é freqüentemente observada.

Tratamento da TP

O fator primordial no início do tratamento é o efetivo bloqueio dos
ataques ou redução na sua freqüência e intensidade, através do uso de
medicamentos e desta forma (sem o sofrimento com os ataques) permitir
outras abordagens terapêuticas.

É necessário que se estabeleça uma boa relação médico-paciente, um
vínculo terapêutico e de informação. O conhecimento pelo paciente de
sua doença, evolução, efeitos colaterais possíveis das drogas,
necessidade do uso contínuo da medicação (o ajuste da dose capaz de
bloquear os ataques terá que ser feito) pelo tempo necessário para o
controle dos sintomas é imperativo. Os efeitos adversos das medicações
devem ser informados para que não haja motivos de frustração ou culpa
nos relacionamentos mais íntimos.

A. Drogas Antipânico

Embora ainda pouco conhecido, mas sabidamente eficaz, o mecanismo de
ação destas drogas parece exercer seus efeitos através de ações as
vezes aparentemente antagônicas, a nível dos sistemas de
neurotransmissão cerebral, principalmente a noradrenérgica e
serotoninérgica (neurotransmissores ). As drogas aumentam a
transmissão destas substâncias a nível cerebral assim como a
diminuição de sua captação.

No tratamento são usadas drogas sabidamente capazes de bloquear os
ataques de pânico como os benzodiazepínicos, antidepressivos
tricíclicos, inibidores da monoaminaoxidase, inibidores seletivos da
recaptação deserotonina e os inibidores seletivos de serotonina e
noradrenalina.

Benzodiazepínicos: alprazolam e clonazepam

Antidepressivos Tricíclicos ( ADT ): imipramina, clorimipramina,
amitriptilina, nortriptilina

Inibidores da Monoaminaoxidase ( IMAO ): tranilcipromina, moclobemida

Inibidores Seletivos da recaptação de serotonina: sertralina,
fluoxetina, paroxetina, fluvoxamina e citalopram

Inibidores Seletivos da recaptação de serotonina e noradrenalina: venlafaxina

Todos os medicamentos devem ser prescritos por médicos pois possuem
efeitoscolaterais.

Há grande controvérsia quanto ao tempo necessário para manutenção do
tratamento. Grande parte dos autores admite ser a duração ideal entre
6 meses a dois anos com posterior suspensão gradativa dos fármacos e
reavaliação se os ataques de pânicos voltam a ocorrer. Apesar de
adotados estes critérios o índice de recaída após a suspensão da droga
varia entre 20 e 50%.

O paciente deve ser informado de que o início da melhora da
sintomatologia pode levar algumas semanas e depende do ajuste das
doses necessárias para o bloqueio dos ataques, assim como de sua fiel
adesão a terapêutica instituída. Este fato deve ser bem esclarecido ao
paciente para que o portador de TP não fique ansioso ou deprimido com
a expectativa de melhora imediata.

B. Apoio Psicoterápico

É também de fundamental importância. Visa a manutenção da adesão a
terapêutica e a orientação quanto ao desenvolvimento e combate às
complicações associadas. As técnicas cognitivo-comportamentais parecem
seras mais eficazes neste sentido, aumentando inclusive a resposta ao
tratamento medicamentoso.

A medida que os ataques de pânico se sucedem o paciente desenvolve
hipocondria, fobias associadas direta ou indiretamente com as
circunstâncias nas quais teve a crise, ansiedade basal e
antecipatória, agorafobia, autodepreciação, depressão, desmoralização,
alcoolismo e/ou uso abusivo de drogas. Qualquer combinação é possível
e independe das características de personalidade embora estejam na
dependência da severidade e freqüência das crises, assim como a demora
no diagnóstico. O paciente deve ser paulatinamente encorajado (após
bloqueados os ataques farmacológicamente) a enfrentar os lugares ou
situações onde foi acometido pelo ataque e desta forma ir ganhando
auto confiança ao enfrentar suas adversidades.

Links Recomendados:
Panic Disorder
http://www.mentalhealth.com/dis/p20-an01.html
Getting Treatment for Panic Disorder
http://www.hoptechno.com/gettreat.htm
Panic Disorder Treatment and Referral
http://www.hoptechno.com/pandtr.htm
Understanding Panic Disorder
http://www.nimh.nih.gov/publicat/upd.htm


Dr. Jorge Wilson Magalhães de Souza
Clínica Médica - Rio de Janeiro/RJ